Hoje vamos aproveitar para postar uma sugestão de objeto de aprendizagem colaborativa de Língua Portuguesa. Ele trata de gírias atuais e antigas. Como sabemos, as gírias fazem parte de nossa língua, tornando mais expressiva e rica, no entanto, não podemos ignorar seu caráter efêmero: a gíria falada hoje, amanhã pode deixar de ser empregada... Mesmo assim, algumas delas conseguem ter uma vida bem longa. Vai aí nossa sugestão:
Da paquera ao ficar: as gírias de ontem e de hoje
Autora: Ana Graziela Cabral/Edna Maria Santana Magalhães
Dados da Aula
O aluno poderá aprender a:
- Reconhecer as mudanças que ocorreram na Língua Portuguesa referentes às gírias antigas e atuais;
- Compreender que as gírias sofrem modificações constantemente, fazendo parte do vocabulário temporário da Língua Portuguesa;
- Estabelecer um diálogo com os familiares com fins investigativos, descobrindo novas mudanças que ocorreram na língua.
- Reconhecer as mudanças que ocorreram na Língua Portuguesa referentes às gírias antigas e atuais;
- Compreender que as gírias sofrem modificações constantemente, fazendo parte do vocabulário temporário da Língua Portuguesa;
- Estabelecer um diálogo com os familiares com fins investigativos, descobrindo novas mudanças que ocorreram na língua.
Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos cada
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
É importante que os alunos saibam de antemão que a gíria
faz parte do aspecto informal e da modalidade oral da língua, tendo por
característica um vocabulário rico, mas passageiro e temporário. Além
disso, eles precisam compreender que elas são geralmente usadas por
comunidades muito específicas. Encontre esclarecimentos a esse respeito
no link:
http://emdiacomalp.wordpress.com/2008/07/08/girias-antigas-x-atuais/ - [Acesso em 20/11/09].Estratégias e recursos da aula
1ª AULA
Professor, O objetivo desta aula é de proporcionar aos alunos um conhecimento sobre a mutabilidade da língua em seu aspecto informal, para que conheçam as gírias que deram origens às que são hoje faladas por eles.
Comece a aula, mostrando o texto abaixo, que contém vários exemplos
de gírias antigas. É importante que cada aluno receba uma cópia do
texto. Ele é extremamente pertinente, pois apresenta as gírias antigas e
a sua aplicação em uma frase, fazendo com que os alunos tenham uma
noção geral de uso e possam trazer tais gírias para o contexto atual.
LISTA DE GÍRIAS ANTIGAS
Bacana - Algo legal ou alguém gente boa. Pode ser
também alguém esnobe, no sentido "metido a bacana" (gíria antiga mas
ainda usada atualmente).
Cafundéu do Judas ou cafundó do Judas - Muito longe. Semelhante a: "Onde Judas Perdeu As Botas", "Onde O Vento Faz A Curva"
Lá pros Cafundó - Muito longe, distante.
Dindin - Dinheiro, grana. Usava-se também: "Tutú", "Prata", "Conto de Réis", "Conto", Réis" (gíria antiga mas ainda usada atualmente)
Ora bolas - Algo como "ora pois". Usado quando algo inusitado acontece.
O quinto dos infernos - Lugar muito longe. O mesmo que "Onde o Diabo Perdeu as Botas"
Tempo da onça - Algo antigo.
Patavinas - Nada. O mesmo que "Porcaria nenhuma", "Bolhufas alguma", "Nadica de nada", "Necas de Pitibiriba"
Broto - Menino(a) novo(a) ou menino(a) bonito(a).
Belezura - Algo ou alguém muito bonito. Usava-se para referir-se a uma mulher formosa.
Beleza pura - Algo muito bom de se ter ou se ver.
Toca Raul! - Expressão 'bicho grilo' usada em shows
musicais nos intervalos das canções, no intuito de irritar o músico ou
chamar a atenção das pessoas ao redor. O 'Raul' tem origem na pessoa de
Raul Seixas, falecido cantor brasileiro psicodélico dos anos 70 e 80,
visto por muitos como um maluco. É dele, inclusive, a origem musical de
outra expressão que referenciava alguém que fugia dos padrões: o "Maluco
Beleza".
Tirar as barbas de molho - Mover-se. Dito para alguém que está há muito tempo parado.
Botar as barbas de molho - Sossegar, parar definitivamente, aposentar-se, preparar-se para o que irá acontecer.
Dedéu - Utilizado como adjunto adverbial de
intensidade em conjunto com o adjunto adverbial "bom", como na
expressão: "bom pra dedéu".
Serelepe - Alguém agitado, safado, perspicaz, esperto.
Caramba! - Expressão de espanto ou surpresa, no mesmo sentido de "Poxa vida!". Usa-se também "Carácoles!" ou Caracas! — ainda é usada hoje em dia.
Matar cachorro a grito - Fazer algo inacreditável, aterrorizar.
É dose pra (elefante, leão ou cachorro) - Algo forte e rápido. Algo difícil e indignante de se fazer. O mesmo que "É fogo!"
Está Tinindo - Noção de intensidade. Algo como "está brilhando", "está limpinho".
Na capa da gaita - Cheio de coisas para fazer. O mesmo que "Com a corda no pescoço" e "Atolado até o S".
Estapafúrdio - Algo bizarro, esquisito.
Amigo da onça - Traidor. Pessoa ao qual se dá
confiança e que, cedo ou tarde, por algum motivo de interesse pessoal,
te apunhala de certa forma por trás.
Parada dura - Algo difícil de se realizar.
Está pensando que berimbau é gaita? - O mesmo que falar: "Ficou louco?"
Chorumelas - Choro desnecessário, inventado; frescura.
Fedelho - Criança, pessoa infantil, pentelho.
Arrebentar a boca do balão - Fazer escarcéu, barulho; chamar a atenção.
Passar a Batata Quente - Livrar-se de um problema, fazendo com que outro o assuma.
Batata - Algo fácil. Por exemplo: "Andar de
bicicleta é batata". Também pode ser utilizada para sugerir que uma
coisa "é certa". Por exemplo: "Proceda desse modo e é batata: você
conseguirá o que quer!".
Será o Benedito? - O mesmo que "Será possível?"
Macacos me mordam! - Expressão de espanto diante de algo inacreditável. Bordão do personagem "Popeye".
Pela Madrugada! - O mesmo que "Pelo Amor de Deus!"
Pelas barbas do profeta! - Expressão de espanto diante de algo surpreendente, "Fim da picada". Algo inconcebível. Absurdo.
Supimpa - Algo bom, legal.
Toró - Tempestade, chuva forte. Usado na expressão: "Vai cair um toró!"
Bicho do céu - O mesmo que "Meu Deus do Céu!" ou "Macacos me Mordam!".
Fidumégua ou fidumaégua - (vulgar) "Filho de uma
égua". Utilizada para xingar uma pessoa ofendendo-lhe a mãe. O mesmo que
"FDP". Vocábulo de origem nordestina.
Creed en Dios Padre! - Em espanhol a frase traduz-se
como "Acredite em Deus Pai", mas no Brasil é usado tal como a expressão
"Meu Deus do Céu" ou "Barbaridade" diante de algo espantoso.
Patota - Turma de amigos.
Barbaridade - Expressão de espanto e inconformação, diante de algo surpreendente, parecida com "Creed en Dios Padre".
É de lascar - Situação complicada.
Sem choro e nem vela - Expressão usada como negação a um pedido ou também para incentivar ou animar alguém diante de uma situação adversa.
Tapa na macaca - Trago em cigarro de maconha.
Tapa na pantera - O mesmo que "tapa na macaca".
Zabelê? - Tudo (bem, certo, bom, jóia)? O mesmo que "Beleza?"
Duro na queda - Intransigente, que não abre mão, teimoso, difícil de tratar.
Trinques - Usado na expressão: "manter tudo nos trinques", para designar "manter tudo nos devidos conformes."
Trumbicar - Usado na expressão: "quem não se comunica se trumbica (ou instrumbica)". Significa "Dar-se muito mal".
Trombada - O mesmo que batida, ou acidente de carro.
Cambada - Gangue, grupo de pessoas mal vistas. "Trupe".
Mocorongo - (sentido vulgar) Idiota, tolo, burro, bobo, retardado.
Maloqueiro - Indigente, mendigo. Muito usado ainda
no futebol para designar jogador vagabundo, cachaceiro, baladeiro, que
faz corpo-mole em partidas.
Lero-lero - Conversa chata onde se perde tempo ou
tenta-se enganar alguém. Expressões semelhantes: "Papo para Boi Dormir",
"Papo Furado", "Conversa Fiada", "Conversa Mole".
Xispa - O mesmo que "Sai fora". Usado na expressão:
"Xispa já daqui", para designar a expulsão de um lugar ou o afastemento
de algo ou alguém incoveniente por perto.
Pega pra capar - Briga, cofusão, baderna. O mesmo que "Forrobodó" e "Rebú".
Tirar água do joelho - Urinar, "mijar", fazer xixi.
Mandar brasa - Continuar, ir em frente.
Ripa na chulipa - Expressão usada para estimular algo. O mesmo que "mandar brasa".
Deus nos acuda - Expressão que designa uma situação difícil ou complicada.
Benzo a Deus ou Benzadeus - Expressão usada d iante de algo inacreditável. O mesmo que "Barbaridade!" e "É Brincadeira!"
Que abacaxi! - Expressão u sada diante de algo complicado pra se fazer. (o abacaxi é uma fruta cha ta de se des cascar).
Duvi-de-o-dó - Duvidar de algo.
Papo firme - Bom para conversar, "Bom da Boca", "Papo quente". Na expressão 'Garota "papo firme"' representa bonita, charmosa.
Marcar toca - Bobear, perder uma boa oportunidade. O mesmo que "Dar mole", "Vacilar".
Do fundo do baú - Diz-se de algo antigo, velho, ultrapassado, fora de moda. O mesmo que "Do arco da velha" e "Do tempo da onça".
Comer até o cu fazer bico - Expressão usada para designar alguém guloso e farto de comida.
Papo aranha - O mesmo que "lero-lero"
Comer bola - Errar sem querer, passar desapercebido de algo importante.
Chuchu beleza! - O mesmo que: Coisa boa! Legal! Bacana!
E aí, campeão! - Tipo de saudação.
Caranga - Carro esportivo, equipado.
Caixa prego - Muito longe! Usa-se na expressão:
"Voce mora lá no Caixa-Prego!" Usavam-se também as expressões "Onde o
Diabo perdeu as Botas", "Na Casa do Chapéu!", "Conchinchina", "Na
Pequepê"
Onde fui amarrar meu bode? - Expressão usada ao se arrepender de algo feito.
Tirar o pai da forca - Expressão usada para designar
alguém que está muito apressado para finalizar algo ou chegar a algum
lugar. O mesmo que "Tirar a mãe da zona".
Maior brasa, mora? - O mesmo que "Show de bola, tá
ligado?" nos tempos de hoje, quando se quer dizer que alguma coisa é
muito boa para alguém. Expressão muito usada nos anos 60 e 70.
Nem que a vaca tussa! - Expressão usada como firme
negativa, simplesmente um "Não!", usam-se também as seguintes
expressões: "Nem a pau", "Necas de Pitibiriba", "Pode ir tirando o
cavalinho da chuva"
Pior que bater em mãe em porta de igreja - Expressão usada para designar algo muito feio de se fazer.
Afuzel, tri, massa - Expressões usadas para designar algo legal.
Mundaréu - Muita / muito / muitas / muitos / um monte - Ex: "Eu tenho um mundaréu de coisas a fazer"
Pedra noventa - Alguém tido como "gente boa"
Firme na paçoca? - Saudação
Sebo nas canelas - Quando manda alguém ir rápido, apressar-se.
Cão chupando manga ou mais feio que cão chupando manga
- Algo ou alguém muito feio. Também pode ser utilizada para expressar a
dificuldade de realizar uma tarefa: "Passar no vestibular é o cão
chupando manga!".
Mais faceiro que ganso em taipa de açude - Felicidade extrema.
Panga, Panguá - Vagabundo tranqueira; vagabundear.
No pó da rabiola ou estar só o pó - Cansado, sem ânimo.
Link: http://www.jorwiki.usp.br/gdnot07/index.php?title=G%C3%ADrias_antigas&redirect=no – [Acesso em 20/11/09].
Para aproveitar ao máximo da participação dos alunos nessa atividade,
peça que cada aluno, por fila, leia uma gíria. Partindo da leitura,
faça com eles comentários sobre o que foi lido. Ouça seus alunos,
interesse-se pelo que eles têm a dizer, afinal, esse é um assunto de
extrema atualidade no cotidiano deles e provavelmente gerará uma boa
conversa.
Após o momento de leitura das gírias, peça que cada aluno escreva em
seu caderno o maior número possível de gírias correspondentes às que
lhes foram apresentadas, mas da forma como são usadas atualmente. Claro
que nem todas as gírias da lista acima possuem uma correspondente, até
porque, muitas são usadas ainda hoje. Mas várias outras já não são tão
recorrentes e foram substituídas por novos usos. Quer-se que os alunos
identifiquem esses usos. P ara isso, eles poderão, em casa, recorrer ao
auxílio dos parentes, que são contemporâneos do primeiro emprego das
gírias. Vale ainda pedir que os alunos aproveitem o contato com os pais
para descobrirem novas gírias que já não se usa mais. Eles deverão tomar
nota desses empregos para apresentá-los posteriormente aos colegas.
Outro texto interessante que pode ser socializado com os alunos é o do link: http://emdiacomalp.wordpress.com/2008/07/08/girias-antigas-x-atuais/ - [Acesso em 20/11/09].
2ª AULA- 50 minutos
Essa aula é destinada à socialização das novas gírias encontradas
pelos alunos, que correspondam às que foram apresentadas no texto, ou
que eles descobriram por intermédio do contato com os familiares.
Procure aproveitar a fala dos alunos, professor, para demonstrar que
cada gíria é fruto de uma comunidade específica e muitas vezes só é
reconhecida no local em que costumeiramente é usada. Dê como exemplo a
expressão “Olha o pesado”, geralmente utilizada em feiras pelos
carregadores para chamar a atenção dos passantes que estejam
interrompendo o caminho. Essa gíria só tem um significado compreensível
em uma situação similar a essa exemplificada.
3ª AULA - 50 minutos
O recurso utilizado nessa aula, professor, será um curto vídeo que evidencia a fala de um avô e seu neto. Cada um usa as gírias típicas de seu tempo, o que faz com que haja certa incompreensão durante o diálogo, especialmente por parte do avô. http://www.youtube.com/watch?v=-zoYBj0aLpg – [Acesso em 20/11/09].
Faça uso do vídeo da seguinte forma: passe-o a primeira vez e, com ajuda dos alunos, tome nota no quadro das gírias que são ditas. Divida-as entre gírias do avô e gírias do neto. Depois de copiar no quadro todas as gírias, ajude os alunos a compreenderem as falhas de comunicação causadas pelo emprego das gírias de diferentes épocas. Mais uma vez, ouça-os. Deixe que manifestem suas opiniões e que digam o que entenderam do contexto.
Aproveite para passar, na sequência, o vídeo com a propaganda do Refrigerante Sukita, que se encontra disponível no link: http://www.youtube.com/watch?v=wLYIdyjeulcm – [Acesso em 20/11/09]. Ele mostra de forma clara a diferença temporal do vocabulário entre um homem mais velho e uma moça. É pertinente analisar toda a cena: enquanto a menina, nova e bonita, bebe o refrigerante industrializado de laranja, o homem, já mais velho, com um modo de falar mais culto, leva em uma sacola, laranjas, provavelmente para fazer um suco. O ápice da diferença acontece quando a menina frustra as intenções do homem e o chama de “tio”. Explique aos alunos que isso é uma gíria, pois, obviamente o homem não era o tio biológico dela.
Após, esse leque de informações e de discuti-las, peça que os alunos
preparem um diálogo, utilizando uma situação imaginária entre dois
indivíduos que vivem em contextos sociais distintos ou épocas distintas
ou que tenham grande diferença de idade entre eles. Nesse texto, eles
devem prever toda a situação comunicacional, apresentar uma introdução e
desenvolver de tal forma a narração que o leitor consiga perceber o
problema instalado na história e a sua resolução.
Essa tarefa que pode ser feita em casa, em duplas/grupos, dê aos
alunos o tempo que precisam para revisar e propor novas versões da
história. Prepare um momento, após a finalização da escrita, para que
eles apresentem o texto final para seus colegas da turma. Além disso,
faça com que esses textos circulem para além da sala de aula: murais,
varais por espaços distintos da escola; blogs...
Recursos Complementares
http://www.jorwiki.usp.br/gdnot07/index.php?title=G%C3%ADrias_antigas&redirect=no – [Acesso em 20/11/09]. Lista de gírias antigas.
http://www.youtube.com/watch?v=-zoYBj0aLpg – [Acesso em 20/11/09]. Vídeo de fantoches. O avô e o neto conversam, cada usando as gírias típicas de sua época.
http://www.youtube.com/watch?v=wLYIdyjeulc – [Acesso em 20/11/09]. Vídeo do comercial do refrigerante Sukita, em que fica evidente a diferença vocabular entre um homem mais velho e uma menina.
http://www.youtube.com/watch?v=-zoYBj0aLpg – [Acesso em 20/11/09]. Vídeo de fantoches. O avô e o neto conversam, cada usando as gírias típicas de sua época.
http://www.youtube.com/watch?v=wLYIdyjeulc – [Acesso em 20/11/09]. Vídeo do comercial do refrigerante Sukita, em que fica evidente a diferença vocabular entre um homem mais velho e uma menina.
Avaliação
Professor, observe a interação dos alunos em relação à
proposta. Note se todos demonstram interesse e fazem proposições nos
momentos de atuação oral. É importante que, ao perceber o desinteresse
de algum aluno em relação às atividades, você, professor, tente chamá-lo
para as discussões e motivá-lo. Julgue, ainda, a pertinência dos
comentários feitos pelos alunos e, na atividade escrita realizada na
primeira aula, a coerência das colocações feitas.
Avalie o processo de construção da escrita, identificando os
elementos mais importantes e que necessitem de uma intervenção sua para
sistematizar mais o seu emprego. Lembre-se de que, mesmo usando
atividades lúdicas, podemos avaliar os aprendizados dos alunos e
desenvolver um trabalho para aperfeiçoar a leitura e a escrita dos
alunos. O mais importante que, com isso, podemos acender neles o desejo
de aprender e de buscar novos conhecimentos.